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sábado, 9 de julho de 2016

Eu já teria perdido as contas (se tivesse contato) quantas vezes já ouvi de pessoas que, com muito carinho e zelo, me disseram:
"Com esse teu jeito, nenhum homem vai querer casar contigo. Reavalie teu comportamento para conseguir alguém um dia."

No início isso me irritava demais!
Escuto isso há, pelo menos, 17 anos.
Atualmente tenho muita vontade de rir.

Até porque o "meu comportamento" questionado não é nenhuma das várias características que considero importante mudar para me tornar uma pessoa melhor. Muito pelo contrário, é justamente algo que eu amo em mim: minha forma de tratar as pessoas. É o carinho que eu demonstro emocional, verbal e fisicamente por todos. Indiferente de ser criança, homem, mulher, travesti, bicho-do-mato, animal domesticado, árvore...me relaciono de acordo com minha vontade e, geralmente, minha vontade é meio...humm...como dizer? Exagerada.

Gosto mesmo de abraçar. Gosto mesmo de chamar de amor. De gritar para chamar de longe. De permitir que eu me empolgue por estar feliz ao ver a pessoa. Gosto mesmo de amar de verdade. Porque não depende do outro, depende de mim. E eu me sinto muito melhor quando estou perto, bem perto. Me sinto bem sendo íntima das pessoas. Gosto quando as pessoas confiam em mim para contar seus segredos, suas rotinas, seus medos e coragens. Aprendo muito com isso e ainda me oportunizo não contar para ninguém, o que é incrível, porque não faço o mesmo com minha própria vida...ainda.
Da mesma forma, com a mesma espontaneidade, demonstro o quão chateada fico quando as pessoas se mostram cheias de esquema, ficam escolhendo o que falar, como falar, como abraçar, se pode abraçar ou não, se posso xingar da mesma forma que abraço.

O próximo argumento que escuto é: "Mas assim todos pensam que você é fácil".
"Puta, você quer dizer..?" Eu respondo, geralmente rindo.

E se eu for?
E se eu transar com todos com quem eu tenha vontade e oportunidade?
Não era bem a questão (?), mas o que o número de pessoas com quem eu transo pode interferir na minha vida, nos meus outros relacionamentos interpessoais?
Muito! Interfere muito mesmo!
Não da forma que estamos acostumados a pensar, mas no meu relaciomento comigo mesma.
Não, não vou transar com todo mundo.
Não, não sou obrigada a dar pra você, querido.
Não, não vou transar com teu marido, querida.
O tipo de interferência é muito mais profundo do que a contação de um número.
Influencia no meu bem-estar, na minha sensação de liberdade, na consciência do que eu quero, do que me faz bem, de como gosto de ser tratada, de minhas emoções.
Então, sim, influência pra caramba no meu relacionamento com todos.

Mas a questão inicial era que nem um homem vai querer casar comigo, não é?!
Primeiro: Já fui casada durante 11 anos com um homem maravilhoso e foi com ele que aprendi várias coisas sobre isso.
Segundo: Quem disse que eu quero casar de novo? E, se casar, quem disse que quero casar com um homem?
Terceiro: O que te faz pensar que EU casaria com alguém que não concorda comigo? Que não é parecido comigo? Temos que lembrar que, para alguém casar comigo, eu tenho que casar com a pessoa também. Um relacionamento interpessoal envolve a vontade de mais de uma pessoa.
Eu ainda faço, e talvez passe a vida fazendo, coisas para me apaptar à normas sociais. Faz parte. Afinal, eu preciso mesmo respeitar o outro também. Mas a primeira pessoa que merece meu respeito sou eu mesma. Sou eu quem convive diariamente comigo mesma e tenho a necessidade de me sentir bem constantemente. De me sentir sincera. E não tem sinceridade quando eu não abraço, quando eu não chamo de "amor", quando eu não grito e pulo para abraçar quando sinto vontade.
Também não seria sincera se fizesse isso o tempo todo. Por isso, é normal que eu seja estúpida e que seja irônica demasiadamente. Isso não muda o que eu sou. Pelo contrário, é isso que me faz ser eu o maior tempo possível.

Então relaxa, uma pessoa que se sente bem consigo mesma não tem NECESSIDADE de casar. E, se casar, será para compartilhar e crescer junto, não para ter alguém que faça companhia. Afinal, minha melhor companhia já mora dentro de mim.