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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

PSICOLOGIA DE UM VENCIDO

Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!



Augusto dos Anjos

sábado, 17 de dezembro de 2011

‎"Vou comer em cima da cama"
"Ih, mas tá sem o lençol impermeável"
"ah, não dá nada, eu cuido"

"vixx....M***...pega o papel toalha! Derrubei molho no colchão novo"

:P

Super-heroína

Eu descobri, e agora posso responder quando me perguntam porque curso letras. Não é só porque é área da educação, por ser um dos pilares da sociedade. Sim, é. Mas coincidentemente quero a área da saúde E a da educação não só "para salvar o mundo". Literatura é o que ME salva. Afinal, não ajudarei ninguém se eu não estiver bem.
Descobri essa resposta lendo uma boa crônica de uma porto-alegrense feliz que escreve para o Blog da Companhia das Letras. Hoje me sinto mais feliz por isso.

http://www.blogdacompanhia.com.br/2011/12/a-maior-das-transgressoes/

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Você entende?

Casal preparando-se para sair. Ela uns 40 e poucos anos, ele 50.

Ela pede:

– Me fecha atrás?

Ele:

– Ahn?

– O vestido, Sergio. Fecha o vestido.

– Ah.

Ele tenta fechar o vestido dela atrás mas não consegue. Em vinte-cinco anos de vida conjugal é a primeira vez que tem dificuldade em fechar o vestido dela atrás.

– O que foi, Sérgio?

– Calma, Dulce. Preciso me concentrar.

Ele finalmente consegue fechar o vestido.

– Pronto. Dever cumprido.

– O que você tem, Sérgio?

– Por quê?

– Parece distraído. E ainda não terminou de se vestir. Nós vamos chegar tarde no jantar.

Ele senta-se na cama.

– Dulce, eu vou confessar uma coisa.

Dulce olha para o marido com surpresa. Uma confissão? Que confissão? Uma amante? Um problema na firma? Estamos arruinados? O quê?
***

– O quê, Sérgio?

– Eu nunca entendi o que o Pato Donald dizia.

Dulce controla a vontade de bater no marido.

– Que loucura é essa, Sérgio?

– Passei toda a minha infância fingindo que entendia, mas não entendia. Você entendia?

– Por que isto agora, Sérgio? Você está muito estranho.

– Eu ria mas não entendia. Era um riso falso.

– Sérgio, por amor de Deus. Vamos parar com essa loucura e acabar de nos vestir. Já estamos atrasados e você nem...

– Eu não devia ser o único. Muito mais gente não entendia o Pato Donald.

(Luis Fernando Veríssimo)

Atletas e técnica do basquete de Chapecó são campeãs pela seleção catarinense

Com certeza o projeto Atletas do Futuro ajuda a descobrir muitos talentos escondidos.




http://www.chapeco.sc.gov.br/noticias/2080-atletas-e-tecnica-do-basquete-de-chapeco-sao-campeas-pela-selecao-catarinense.html

Você é um ser humano, um ente moral, com discernimento e consciência

Vamos – estava dizendo a truta. - Pelo menos uma vez na vida, seja decidido. Me escolha e me condene à morte, ou me deixe viver. A decisão é sua. Eu não decido nada. Sou apenas um peixe, com cérebro de peixe. Não escolhi estar nesse tanque. Não posso decidir minha vida, ou a de ninguém. Mas você pode. A minha e a sua. Você é um ser humano, um ente moral, com discernimento e consciência. Até agora foi um protegido, um desobrigado, um isento da vida. Mas chegou a hora de se comprometer. Você tem uma biografia para decidir. A minha. Agora. Depois pode decidir a sua, se gostar da experiência. O que não pode é continuar se escondendo da vida.


Luis Fernando Veríssimo em O Olhar da Truta, de seu novo livro Em Algum Lugar do Paraíso